21 de fevereiro de um ano qualquer
Nesses entremeios de fevereiro, sob o sol regalado de versos e encantos. Derramo aos quatro cantos um oásis de letras. Ou seria tinta? Me recolho a pauta e procuro entre as asas a fragrância das janelas. Assim posso conhecer a logica de seus jardins.
Descobri que não faço poesia. Acredito que ela me encontra. Me beija os lábios, ensurdece minha alma. Escreve, apaga, descansa nas gavetas avulsas de minha estrada e se faz poema pelas pautas do querer.
Algumas transformações exigem silêncio. Tentei entender seu universo. Foi assim que percebi que somos um só, perdidos em nós. No fundo oco das coisas, entre as causas, reagimos a ele.
A tinta deslizou calada... enquanto as letras fecundavam as pautas. Entre as silabas,nuances orvalhadas. Pequenos rabiscos esperando a estrada. Era domingo de festa, e aquele pedacinho de letra miúda já queria ser poema.
Nessas complexidades as linhas espalham grafites. As somas de tudo perfuram as folhas.
Na pele serena, aroma de sonhos. Aveludados desejos completam a espera. Sinais de chuva brincam na vidraça. Anunciam a tarde. Procuro seus dedos macios, seguros. Hastes singulares nesse plural de causas. Prefiro o aconchego de seu colo. Sem pressa adormeço feliz.
Somos feitos de interrogações. Uns em exagero, outros menos. Fios em constantes reações. Talvez o homem não entenda. Ou não queira entender que a causa infinita de males está entranhada dentro dele mesmo.
O mito mata a fome da espera. O resto são apenas gritos. Quero curar feridas, prescrever em versos, doses diárias de risos.
Dentre as coisas que me pertencem fica o nada nas alças do caixão de madeira. Contemplar as pequenas coisas determinam os caminhos a seguir. Viver vai além do que sopramos. Dos verbos espalhados fica a essência, rente as linhas que emolduram as letras. Mesmo que o poema continue dormindo, ficará o brilho apoiando a espera.
Não me atrevo sem cautela. Abro a boca. Escolho as palavras e, só depois, arrisco sem medos de contar meus sonhos.