* A Gaveta Emperrada, Bagunçada *
É a sensação perdida de bagunça, de ter tudo e de não ter nada.
É olhar e não conseguir enxergar. É procurar e não poder achar.
É você tentar ordenar, arrumar e ver que quanto mais mexe, mas bagunçado e fora de ordem fica.
É a tentativa de acerto que parece não dar certo nunca. Nem com rótulo de "tentativa" parece dar certo.
É o poder fazer, mudar, acontecer, mas olhar e não compreender.
É a gaveta bagunçada, emperrada, atrasando a vida da gente.
É a gaveta de bagunça, de bagulho, de coisas sem lugar definido, que só pra sair da vista, são jogadas/escondidas na gaveta de bagunça.
Todo mundo tem uma, não adianta disfarçar ou mentir, dizendo que não tem.
Dentro da gaveta de todo mundo, tem coisinhas que não fazem parte de coisa alguma, não fazem falta pra ninguém, coisinhas esquecidas, mas que por algum tipo de força maior, ainda estão lá.
Teimamos em não jogar fora, achando que um dia, ainda terão utilidade.
Engano!
Não servem pra coisa alguma, não prestam pra nada e muitas dessas coisinhas, guardamos somente para nos punir, magoar, machucar, como senhores de nós mesmos, escravos de si, fazemos questão mais do que absoluta da agressão, auto-agressão, punição.
Tentativa nº 1654 de limpar a gaveta emperrada e bagunçada.
Tentativa disperdiçada, tentativa em vão. Ela sequer abre. Atolada de porcaria, que ainda teimo em guardar. Tranqueiras provisórias de uma vida vivida ao máximo, mas com a nítida e bela impressão de que ainda faltou um bocado.
E num belo amanhecer de Sol, ao olhar pra emperrada gaveta, sobrancelha erguida, olhar desconfiado, antes mesmo de pentear os cabelos, lá estou eu, de novo brigando com a bendita gaveta de bagunça... Ela nem abre.
Tentativa nº 1655 de abrir a santa gaveta.
Um chute, um soco, e ela abre...
Pego um saco preto de lixo e a jogo inteira dentro dele.
Amarro o saco e jogo-o pela janela, dentro do Tira entulho qualquer.
Ufa! Consegui.
Tem coisas, que só na marra se consegue, do tipo sem escolher, sem ver, sem pensar, simplesmente fazendo e pronto.
Sem olhar pra trás.
Escolhi não arrumar a gaveta bagunçada e emperrada.
Simplesmente a joguei fora, com tudo que tinha dentro. Não olhei. Já era.
Pode ser que em algum dia, eu precise de algo que estava lá, não sei...
Se precisar, quando precisar, vejo o que farei... Não tô nem aí!
Adeus gaveta emperrada! Você já era!!!