GÉLIDO
O ar rarefeito me fez levantar
Caminhei cambaleante até a janela
Abri e pus minha face por entre as grades
Respirei fundo tentando sugar o ar do mundo inteiro
Juntos adentrou em minhas narinas
Oxigênio, poeira, luz, som e pensamentos vagantes
Em minha mente abriu-se uma outra dimensão
Vi uma vida que eu não conhecia
Vi pessoas que há muito não encontrava
Ouvi vozes de uma raça aparentemente superior a nossa
De súbito, fui atingido por uma rajada de vento
Seco, quente e de uma força incontrolável
Cai ao chão tentando me segurar no ar
Meus olhos queimavam como se em brasa estivesse
Meu coração batia tal qual uma grande percussão
Minha boca seca, necessitava de líquidos
Minha cabeça atingindo o chão, cria deslocamento
Tento levantar e minhas pernas não se movem
Tento pensar, mas já não sou capaz
Fecho os olhos com tanta força que parece que vão estourar
Mais uma vez respiro com toda a força que me resta
O ar gélido e revitalizador entra em meus pulmões
Sinto os glóbulos de vida correrem em minhas veias
E uma luz muito branca no teto
Então concluo que a vida, por mais dura que seja
É para ser vivida
E, para quem atravessou para o outro lado
E sentiu a mão necrosada da morte
As batalhas serão apenas jogos infantis
E a guerra...
Ah, a guerra
Vai ser vencida!