VESTIDA DE ESPERANÇA
Vivo no tempo e me perco no espaço.
Visto-me de rosas azuis e cravos vermelhos... porque meu corpo é um mundo de espinhos e recordações... de angústias vermelhas num passado remoto...
Carrego nos ombros o pesado fardo da ingratidão... nos braços a chama da solidão e na alma o silêncio de gritos lancinantes.
Sou feita de pesadelos e espaços vazios, envolta em véus de espuma de bolas de sabão...
Procuro-me nos silêncios das madrugadas... nas horas mortas das noites vazias e nas planícies sombrias dos fins de tarde...
Guardo minhas mágoas nos recônditos estreitos de labirintos abandonados ao destino da sorte...
Meu fado é cantar o poema imortal esculpido nas asas do vento e lançado nos braços envolventes da noite...
A noite... doce amiga de todos os silêncios que me enlaça no seu frio manto e me acalenta no seu regaço acolhedor.
Quero ser a sombra amiga do passado... quero envolver-me na penumbra dos dias chuvosos sem arco-íris... conhecer as manhas das manhãs submersas em murmúrios de solidão...
Quero amar os desenganos... as desilusões... o futuro incerto... as lágrimas amargas entalhadas no rosto do medo... quero alcançar a terra distante que partiu sem mim, me deixando órfã à deriva num destino agonizante...
Quero escutar os lamentos apaixonados dos amantes aprisionados nas ilusões fugidias... quero sentir a loucura febril duns braços rasgando tempestades e abraçando meu corpo cansado sedento de um pouco mais de calor...
Quero vestir-me de esperança e sonhos lilases, sonhados em dias de sol e tardes escaldantes de promessas de amor!
By@
Anna D’Castro