QUEM SOU EU?
Em meio a imundície em que fui largada,
Cá estou eu condenada a rastejar,
Enquanto aguardo, desesperadamente,
Pela liberdade que outrora prometeram.
Infinitamente rejeito a mim e ao que me cerca,
Pois se há vida neste inferno, que seja curta.
E aos dizeres dos velhos camaradas:
Seremos todos massacrados
Até chegarmos a revolução!
Sou dona do futuro,
Do meu e dos demais.
Sou aquela que morre às 6 horas,
Mas que renasce à meia-noite
Para morrer novamente no dia seguinte.
Se há esperança nesse inferno, ela está viva,
Ainda que sem forças,
No coração dos sonhadores
(utópicos!).
Sim, utópicos.
Mas que lutam para tornar realidade essa utopia.
Sou aliada dos que precisam
De liberdade,
De esperança,
De justiça!
Sou a lágrima e o suor
Do operário.
Sou o grito e o clamor
Do professor.
Sou os berros revoltosos
Do estudante.
Sigo vagando pelo mundo,
Deixando minha voz por onde passo.
Embora rouca e quase sem forças,
Caminho com fé num futuro novo.
Eu sou o sonho dos que ainda sonham.
Eu sou a indignação dos revoltados.
Eu sou a coragem do oprimido.
Eu sou a revolução da sociedade.
-Quem sou eu?