INSÔNIA

Ando perdida em pesadelos escuros,

Que me arrastam por estradas sombrias.

Ando cega, sem direção.

E não reconheço os meus agressores.

Tenho seguido errante,

Condenada a pecar drasticamente,

Movida por desejos terrenos e carnais.

Grito aos meus camaradas,

Poetas mortos, boêmios loucos.

Juntos fumamos todos os cigarros do maço,

Lemos todos os poemas apaixonados

E ressuscitamos os nossos companheiros.

Ando vagando por noites e noites.

Tomando xícaras e xícaras do mesmo café.

No rosto, as expressões não negam:

A minha angústia perdura há semanas.

Insisto sempre no mesmo poema,

Na mesma canção que revela a minha dor.

O meu andar é lamento.

É denúncia e solidão.

A minha bebida é amarga como fel,

Mas tem sido a minha salvação.

Os poetas são meus amigos,

Apontam a direção que devo seguir.

Rumo a mais uma noite sem sono,

Escolho os versos que melhor me definem.

A bebida e a música se repetem.

Mas hoje a minha insônia tem nome:

Ana, Samara e Caroline.

Izabel Reinaldo
Enviado por Izabel Reinaldo em 28/09/2014
Reeditado em 10/04/2022
Código do texto: T4980064
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