INSÔNIA
Ando perdida em pesadelos escuros,
Que me arrastam por estradas sombrias.
Ando cega, sem direção.
E não reconheço os meus agressores.
Tenho seguido errante,
Condenada a pecar drasticamente,
Movida por desejos terrenos e carnais.
Grito aos meus camaradas,
Poetas mortos, boêmios loucos.
Juntos fumamos todos os cigarros do maço,
Lemos todos os poemas apaixonados
E ressuscitamos os nossos companheiros.
Ando vagando por noites e noites.
Tomando xícaras e xícaras do mesmo café.
No rosto, as expressões não negam:
A minha angústia perdura há semanas.
Insisto sempre no mesmo poema,
Na mesma canção que revela a minha dor.
O meu andar é lamento.
É denúncia e solidão.
A minha bebida é amarga como fel,
Mas tem sido a minha salvação.
Os poetas são meus amigos,
Apontam a direção que devo seguir.
Rumo a mais uma noite sem sono,
Escolho os versos que melhor me definem.
A bebida e a música se repetem.
Mas hoje a minha insônia tem nome:
Ana, Samara e Caroline.