ESTA DOR
Ah como dói esta dor calada! Como me dilacera os sentidos! Esta dor acompanha meu corpo e tira meu espaço... é feita de sofrimentos e cansaços... e tolhe meus sonhos e meus passos e me maltrata com rejeições e incompreensões... e vive aprisionada num castelo de torres e masmorras, sem ameias nem frestas só grades... algemas... grilhões.
Esta dor é negra, vazia e profunda... mora num poço sem água... sem ar... sem fundo...
Há na minha dor uma terrível ausência de abraços... só passos vacilantes... armadilhas e cansaços...
A dor e o sofrimento habitam em conventos fechados... sem luz... sem calor... só claustros abissais e gelados...
Esta dor se confunde com o cântico negro de tempestades atrozes, acompanha o voo dilacerante de albatrozes quando tentam alcançar sua presa.
Esta dor é uma sombra envolta num lençol de amarguras... sombra da minha sombra, que me acompanha através das teias do tempo... uma mordaça que aprisiona qualquer sentimento.
Esta dor é um lamento irônico que se desprende do silêncio de todas as lágrimas... um vasto caudal de lágrimas amargas, derramadas nas pedras do caminho repleto de espinhos e mágoas...
Esta dor me deixa louca... me rasga inteira pela angústia das noites vazias... pela incerteza da escuridão dos dias... pela agonia dos sonhos desfeitos e a ingratidão dos desencantos...
Esta dor vai agonizando pelas madrugadas, com o bater das horas do tempo que passa... corroendo as entranhas da vida que se vai esgotando e arrancando vários pedaços que ainda restam de mim...
By@ Anna D’Castro