UM FIO SEM PONTA...
Ao mutismo das pedras,
mistura-se o choro das águas,
ao verde da pradaria,
o canto dos pássaros.
Uma flor desabrocha solitária
junto ao cascalho do chão.
A nostalgia que cobre os arredores,
também me atinge
e eleva minha alma, além,
muito além.
Sento-me no banco tosco,
nem banco, um tronco caído
que o tempo corroeu...
Lá ao longe, aves sobrevoam,
fazem rasantes
e depois voltam às alturas.
E o céu está lá,
tisnado de nuvens passadiças
que bailam e se desfazem
ao vento...
esse mesmo vento que
desalinha meus cabelos,
assobia ao passar pelo arvoredo
e segue em frente,
talvez á procura, de cheiros e sons.
Que faço aqui?
Onde está a ponta do fio
que me trouxe?
Meu olhar se perde no todo.
É uma tarde de fim de inverno
e a primavera já desponta...
As folhas continuam cair,
deslizando mansamente
sobre águas plangentes.
Vou-me embora, pois o vazio,
silente, já começa a penetrar
minha alma, suscitando em mim
efêmeras recordações
escondidas no âmago...
Sei que depois da curva da estrada,
está o que me trouxe aqui... o meu fio
... sem ponta. Talvez um amor
tão procurado, sei lá, ou quem sabe,
aquele que meu coração busca
e não encontra...