UM FIO SEM PONTA...

Ao mutismo das pedras,

mistura-se o choro das águas,

ao verde da pradaria,

o canto dos pássaros.

Uma flor desabrocha solitária

junto ao cascalho do chão.

A nostalgia que cobre os arredores,

também me atinge

e eleva minha alma, além,

muito além.

Sento-me no banco tosco,

nem banco, um tronco caído

que o tempo corroeu...

Lá ao longe, aves sobrevoam,

fazem rasantes

e depois voltam às alturas.

E o céu está lá,

tisnado de nuvens passadiças

que bailam e se desfazem

ao vento...

esse mesmo vento que

desalinha meus cabelos,

assobia ao passar pelo arvoredo

e segue em frente,

talvez á procura, de cheiros e sons.

Que faço aqui?

Onde está a ponta do fio

que me trouxe?

Meu olhar se perde no todo.

É uma tarde de fim de inverno

e a primavera já desponta...

As folhas continuam cair,

deslizando mansamente

sobre águas plangentes.

Vou-me embora, pois o vazio,

silente, já começa a penetrar

minha alma, suscitando em mim

efêmeras recordações

escondidas no âmago...

Sei que depois da curva da estrada,

está o que me trouxe aqui... o meu fio

... sem ponta. Talvez um amor

tão procurado, sei lá, ou quem sabe,

aquele que meu coração busca

e não encontra...

Simplesmente Romântica
Enviado por Simplesmente Romântica em 23/09/2014
Reeditado em 23/09/2014
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