CAMA FRIA

Ainda que forrada...

com os lençoes da última noite de amor

Amassados e amarelados

Não enveleram com o tempo

O perfume neles permanecia

E enbriagava todo ar daquele quarto

Na cabeceira trazia a foto daquela mulher

Com o sorriso que já não se ver mais

Pois as lágrimas e tintas de batom

Se misturam ao tempo

Espalhados pelo chão

Todas as lembranças

De um tempo bom

Nos pés da ...

Dois pares de chinelos

Permanecia...

A espera dos pés

Para esquenta-los

Roupas espalhadas e amareladas

O cheiro dos corpos

Que numa noite de amor

Um casal na cama fria

Se amaram

Ainda denuciava o acotecido

Que hoje a cama fria desejava

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Um dia

Vivi a ilusão de que ser homem bastaria

Que o mundo masculino tudo me daria

Do que eu quisesse ter

Que nada

Minha porção mulher, que até então se resguardara

É a porção melhor que trago em mim agora

É que me faz viver

Quem dera

Pudesse todo homem compreender, oh, mãe, quem dera

Ser o verão o apogeu da primavera

E só por ela ser

Quem sabe

O Superhomem venha nos restituir a glória

Mudando como um deus o curso da história

Por causa da mulher

Murtceps
Enviado por Murtceps em 22/09/2014
Código do texto: T4972219
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