Captando...

"Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba".

(Padre Antônio Vieira)

Às vezes me vem a ideia de vielas antigas. E me deixam passar para um outro portal distante. E me vi presa àquela imagem real e efêmera até os meus olhos acostumarem-se: trágicos prédios em declinio, antigos casarões desfilando suntuosidade mas sem o clássico de outrora. Ainda assim sobrevivem às migalhas de quem os vê com os olhos do coração. Resolvi atenuá-los. Fiz-me artesã daquela miragem transpondo toda a real história: alguém na memória devia ter amado naquele local, a paixão tresloucada, devia ter sofrido, devia ter passado por tantas mazelas e tantos desfechos. Devia ter o seu preço: Os casarões deixam marcas indeléveis e mostram o quanto a vida pode parecer injusta: mas na imensidão desse alto-relevo aprendi enxergá-los de outra forma. Tudo passa, mas a retina capta tal qual a profundidade de cada ser. Não voltei do portal, permaneci como se houvesse aquele amanhã.

Kathmandu
Enviado por Kathmandu em 22/09/2014
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