GRAVIDEZ CEREBRAL

Meu cérebro está grávido,

mas não pode parir seus rebentos.

Minha boca aborta as idéias

querendo extirpar o desalento.

Meus olhos buscam vida

nos corpos alheios à minha fadiga,

resultada da busca devairada

por emoções naturais

de sentimentos

que não tenho mais.

Meu cérebro se contorce,

me força ao raciocínio,

não tenho mais o domínio

dos nervos que se cansaram,

não são mais frenéticos.

Se meu cérebro parisse

seria complicado explicar

as mudanças que seus rebentos

iriam provocar

nos éticos costumes rotineiros.

ANA MARIA CALHEIROS DE MELO
Enviado por ANA MARIA CALHEIROS DE MELO em 12/09/2005
Código do texto: T49704
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