Clarividência
Essas tentativas de chegar até você me levam ao extremo da existência e sei que esse viver nem começou porque ainda não te conheci.
Esses clichês que deslizam pela caneta já não comovem os reis e, possivelmente, nem a ti. E eu chego ao ponto de gritar teu nome de batismo e sei que tua testa nem ao menos chegou perto d'água benta.
Esse teu nome tão banal, dentre tantos comuns, em sonhos combina com o meu.
Nome impuro.
Eu tão sórdida e desesperada gritando teu nome.
Ridícula!
Anastácio! Júlio! Qual o teu nome, maldito? facilite minha busca, apareça com tuas roupas velhas, tua cara de sacana e me tira do marasmo.
Esse teu nome nem o mais puritano dos santos quis. É como se carregasse profano e sagrado num só corpo, numa só letra.
Quebrei aquele copo de cristal que ganhei de minha avó, cortei a fonte da minha dor e deixei que o sangue caísse sobre o papel branco.
Dona Luíza disse que a letra a ser formada é o teu nome.
C? F?
Não consigo ver direito...
Hoje vou te gritar.
Me escute!