Renata, Marcelo, Olavo Bilac, A Bíblia, Kalil Gibran, Gabriela e Eu

Renata e Marcelo são semelhantes: negros, bonitos, jovens, professores.

Como se não bastasse, suas competências, português e matemática respectivamente, constituem matérias afins.

- “Ora, direis, certo perdeste o senso”!

“Eu vos direi, no entanto”:

- Na matemática de Marcelo, caros amigos, menos com menos resulta, surpreendentemente, em número positivo.

Já no português de Renata, afirma-se que fulano, embora risse todo tempo e, até, por isso mesmo, nunca ria. Ou seja, no primeiro caso como no segundo, prova-se o improvável com a cara mais lavada possível.

“Direis, agora”:

- Tresloucado amigo, que pensas da vida? Como podes compor poemas, quando o mundo desaba ao teu redor?

“E eu vos direi”:

- Sou um Parnasiano, confesso. Faço versos à revelia. Publico-os, alheio às mazelas da humanidade.

Todavia, a despeito de meus pecados – “por pensamentos, palavras, atos e omissões” – talvez, ainda me reste uma ponta de esperança.

Tomo, pois, por minhas, as palavras de Bilac – “Nem as pedras viveriam sem alma” – e me entrego, enfim, aos cuidados do amor.

Quem sabe, amando, “ouvir e entender estrelas”, e ter a alma liberta da mente alienada e do arbítrio celular do corpo na “ânsia da vida por si mesma”.

Chico Rosa
Enviado por Chico Rosa em 22/05/2007
Reeditado em 22/05/2007
Código do texto: T496358