365 DIAS
Todos os anos era tudo igual. No mês de janeiro tudo tinha um ar de preparação, era necessário construir tudo neste mês para mais tarde colher-se os resultados. Em fevereiro começavam a surgir algumas flores, e quiçá alguns frutos. Em março tudo brotava, a colheita dava o que tinha o que dar e após este mês separava-se os frutos bons dos frutos ruins. Abril representava recomeço, lembravam-se dos frutos do mês passado e lamentava-se aqueles que não se tinha experimentado. O mês de maio se iniciava melancólico, no entanto as festas ali feitas traziam um pouco de alívio. Já em junho retornava-se a colheita para conferir se não podiam retirar algo ou até mesmo se ainda restara algo a experimentar. Após o sentimento de esperança de junho, julho chegava manso, calmo, reflexivo, trazia certa maturidade e parecia prepará-los para o que vinha em agosto. Aaah! Agosto! Que desgosto que nada, agosto era o mês do amor, das descobertas, da verdade. Às vezes esse clima de agosto se estendia até o início de setembro, mas setembro revela-se frio e cruel, era como se o ano terminasse ali. Mas outubro guardava algo, era momento de avaliação dos erros e de arrumar a casa, em outubro eles viajavam, conheciam, transformavam, mas tudo isso com o ranço que ficara de setembro, a tristeza e o arrependimento. Novembro era agradável, momento de preparação para o fim que estava próximo, o coração pulsava de ansiedade e desejo. E eis que chega dezembro, talvez o mais feliz de todos, momento de alegria, de felicidade, de recomeço, de celebração, tudo adquiria um clima diferente, parece que estávamos noutras terras, tudo assumia um colorido diferente. E assim era até a meia noite do dia 31 de dezembro, quando a vinda de janeiro anunciava a constatação de que todos os anos era tudo igual.