O oó
Jó dormia e acordava, vinha a mãe e Jó dormia, saía a mãe e despertava. Jó sorria, se a via. Ou Jó chorava, se se ia. E a noite longa longa. A não passar. Nem a mãe a dormir nem Jó a nanar. Tem chichi? Tem cocó? Quer maminha? Estava seco, sem fominha, Jó só queria companhia. Mas a mãe saía no oó de Jó. E Jó não queria que ela se fosse, um olho aberto, outro fechado, um meio a dormir, outro meio acordado. Jó via o milagre da mãe. Que a mãe existia se ele chorava, se ele dormia a mãe já não estava. Gostava do jogo da mãe a aparecer. Uaaá, e lá vinha ela, e de cada vez vinha mais desgrenhada. A correr, a correr, e corria por nada, porque Jó lhe sorria e a mãe serenava. E Jó dormia e acordava, a mãe ia e vinha e Jó ia e vinha e a mãe não dormia e Jó não nanava. Gostava do jogo e a mãe não gostava, e Jó não sabia, não sabia de nada. Jó só sabia que a mãe existia se estava acordada. Quando era embrião, ela adormecia e ele dormia sem dar por nada. E agora ela ia e ele ficava. E ele não queria. Ele não queria e por isso chorava.