" A METÁFORA DO POEMA, DO BEIJA-FLOR E DO DEUS-MENINO"

I

O poema esteve sempre lá.

Chegou sem alarde,

veio reticente, pousou

e afastou-se arisco,

como um pássaro,

ao qual se oferece alpiste.

Em certo dia, transparente como a brisa

ele chegou a minha janela

e pôs-se a cantar. Trouxe sons

com melodia sonora e clara.

Depois voou em asas de beija-flor

agitando as asas. Assim ficou

a sensação de uma ausência,

de padecimento traduzido

em perda, sentimento que

faz brotar um poema,

deixado por sua anunciação

na hora mais lavrada.

O poema chegou e aninhou-se

numa dimensão de revoada e mito.

II

O pássaro-poema que chegou sem alarde

despertou emoções, enquanto a estrela no alto

mostrou o caminho que eu, pobre pastor,

testemunhei a chegada do ouro,do incenso e da mirra

depositados ao lado do boi do carneiro e do burro

para receber o Deus-menino, em dimensão de mito.

III

Assim nasce um poema, com o espasmo de um cantar

com a harmonia da anunciação nas horas mais lavradas.

De minha parte, cabe-me ouvir a palavra oferecida

em abundância: A BOA-NOVA em dimensão

de transcendência e mito.