REIS
REPUBLICAÇÃO – Texto de 14 de junho de 2009
LOVE IS A MANY SPLENDORE THING. De novo assistimos ao filme e choramos pela amada a ver a imagem do amado morto descendo a colina para tomá-la pela mão... pela mão... Choramos, no coração do apartamento solitário, pelos sonhos mortos... nossos mortos... a vida que não houve do rei e da rainha jamais coroados... jamais coroados... jamais. O filme apagou, mantivemos a penumbra. Estendeste as mãos e enlaçados dançamos por um tempo sem tempo ao som de “Love is a many splendore thing”. Isto foi ontem, sábado, e hoje, domingo, ainda guardo nas mãos as tuas lágrimas de ontem. Não secam.
O rei vindo dos longes países trazendo nas mãos os poemas da eternidade nossa, tão nossa como a estrela cadente que cai na alma e fica... insuspeita e secreta como toda estrela que se preze. O rei em fuga dos próprios calabouços para a liberdade de nós nos fios dos nós sem desate no manto da tarde que não nos pertence mais. Não nos pertence mais, mas canta e chora incessante em nossas veias. Para sempre.
O rei que precisei abandonar. O rei, estrangeiro rei, rei companheiro de corpo noites dias rios ruas vida adentro vida afora. Incógnito rei no meio do mundo, no vazio do mundo. Rei sem descendência. Rei solitário jequitibá. Rei que não me pode mais conter nas próprias veias. Rei diante de cuja ausência me quedo em silêncio, bastarda. Rei de cujo reino parti, por outro destino que se revelou... o que se revelou... Perdoa-me, Rei.