" PETRARQUIZAR OS TÉDIOS "
Aqui está a folha de papel,
o tenteiro aberto,
nele estão as fantasias em estado líquido
mergulhadas no demasiado comum,
no preconceito pudico, com jeito de ser alegre.
Aqui está a pena a petrarquizar os tédios,
repleta de cais e velas de chegadas e partidas,
de langores da juventude exaurida,
de demônios e anjos persuasivos
para levar à volúpia santa.
Ali está o poeta que vai buscar
o desfecho paradoxal do poema
que se surpreende estranho,
depurado no cadinho de alguma dor,
e chega nu, sozinho como mosca
a adejar a rosa.