Calvário
Quando sentires o gosto do veneno
E tua inteira e tenra carne estiver corroendo
Saberás o que estou te dizendo
Entenderás as batidas descompassas
De teu necrosado coração
Dessa gaiola que te prende sentirás com desespero
Teu último suspiro de liberdade inventada
Enquanto os vermes malditos
Devorando teus pulmões gastos
Já não me permitam mais ouvir tua linda canção
Quisera eu te dar a carta de alforria
Encher teu dia de alegrias
Fazer de mim tua moradia
Cessar teus dias de agonia
Abrir caminhos nesse vão
Quisera eu ser tua musa desejada
Ser tua cura na calada das tuas noites mais amargas.