Aquelas mãos
Não há mesmo como esquecer aquelas mãos. Ainda menos da condução que elas representavam a todo sentimento que avento não ter fim. Ai de mim que trago a lembrança de cada toque que hoje só alcança o que se foi.
A construção dos meses que se acumulavam dizendo que eu estava mais perto de te ter longe. Era repousar os olhos em suas mãos para notar que talvez sem despedida você me deixasse aquela memória.
O tom de pele, o formato, a leveza, tudo com certeza me deixava triste por saber que nada é para sempre. Pode parecer bobagem que eu sofresse tanto assim, antes mesmo que de mim você se afastasse.
Eram momentos quase perfeitos que só negavam a completa satisfação, por não poder o maldito relógio parar nos melhores momentos da vida. Sofrimento antes do tempo não poderia fazer sentido, salvo pela intensa forma que eu vivia o nosso amar errado.
A minha mente insana já anunciava que ninguém suportaria por muito tempo o meu comportamento. Nosso estar, lamento, era uma vela que queimava tudo o que eu fazia de errado sem apagar a verdade. O meu pecado, contudo, não era mesmo lúcido e eu não podia controlar.
Eram precisos remédios que eu ainda não tomava e eu estava sempre prestes a tocar a sua mão e me dizer que aquele delírio nos afastaria antes mesmo de eu te esquecer. De fato levei vários anos para me conformar, porque um dia você se foi e a mão macia, que se atrevia, ficou nas cenas do roteiro que a própria loucura escreveu.