O Sentido em Escrever e Saber

A vastidão e absurdez dos pensamentos me fizeram amar a escrita. Ela se tornou soberana em minha vida, e crucial para me manter um pouco menos insana.

A escrita materializou meus pensamentos, que são desordenados e vagos, impondo-lhes regras que transcendem a lógica, a gramática, a ortografia, a coesão e a coerência.

Passei a utilizá-la para ordenar meus pensamentos e tentar solucionar os conflitos entre eles de forma harmoniosa, sem que houvessem contradições. Busquei na escrita encontrar respostas, pois com ela consigo visualizar pormenores ilógicos que se ocultam dos pensamentos durante a construção de soluções.

Persisto em tentar entender, por meio da escrita, como o Mundo funciona (e isso também transcende os limites da Física, da Química e até mesmo da Metafísica), e como Eu funciono (já isso, sem dúvida extrapolaria os limites da Loucura).

Cada vez que escrevo materializo uma parcela dos pensamentos existentes em minha massa cinzenta, e deixo em segundo plano os que ainda não foram passíveis de ordenamento, mas à cada abstração escrita, duplicam meus questionamentos, e o fluxo de pensamentos aumenta consideravelmente, me fazendo chegar a conclusão, cada dia mais, de que nada sei.

Sou completamente obcecada pelo Sentido da Vida (de Viktor Franklin), e não só dela (da vida), como de tudo que existe ao meu redor. Confesso que não conseguia aprender a Matemática que se ensinam nas escolas, porque não via sentido algum em simplesmente aplicar fórmulas, queria saber a origem de cada uma. Resolver o exercício era o de menos, desde que fizesse sentido para mim aplicar tais fórmulas.

Chegar à conclusão de que nada se saberá, mesmo depois de estudos, reflexões e escrita, é um desalento para quem sempre buscou o sentido das coisas.

Por que estudar? Porque escrever? Se a conclusão chegada será, sempre, que nada se sabe?

Deixei esse texto descansar um tempo porque de fato não sabia como responder essas questões, e percebi o quão verdadeiro se tornou esse escrito que se seguiu, pois acabara de concretizar o que dissera a alguns parágrafos antes, mais precisamente no terceiro.

Passei a trabalhar para responder a indagação, que repito, por que desejar o conhecimento se no fim nada se saberá?

Descobri que o escopo dessa pergunta estaria implícito em seu próprio conteúdo. O sentido é ter a Consciência de que nada se sabe, pois só atingirá essa conclusão aquele que se lançar verdadeiramente na tarefa árdua que é conhecer.

Aquele que não busca o conhecimento pensa que tudo sabe, acredita ser o dono do mundo e de si próprio, não conseguindo enxergar suas limitações e sua pequenez. O desprezo pelo conhecer provoca a incapacidade em se fazer auto perguntas que o libertarão da situação ilusória de supremacia.

Buscar o conhecimento, é, sobretudo, chegar à conclusão de que nada se sabe, e isso no entanto é a mais belo epílogo que se poderá alcançar. É se prostrar diante da magnitude do inexplicável, sendo antes de humildes, verdadeiros para com a nossas próprias vidas.

É melhor viver consciente de que nada se sabe a viver iludido pensando saber.

Rafaela Vidoto Pupin

Publicado originalmente em: http://rafaelavidotopupin.blogspot.com.br/2014/08/o-sentido-em-escrever-e-saber.html

Rafaela Vidoto
Enviado por Rafaela Vidoto em 04/09/2014
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