Tendendo a Zero, Posso Crescer’

A Matemática tem algumas formas de nos dizer o futuro pelo que ‘tende a ser’, ainda que este ’ser’ possa ser o ’não ser'. Se algum número tende a zero, já é possível fazer cálculos bem prováveis sobre as derivações, sobre o que seria o ’ser zero’. E o que é mais surpreendente é a descoberta que se faz ao perceber-se o infinito de coisas que acontecem neste intervalo, ou seja, por mais perto do ser, ou não ser, que se esteja matematicamente ‘tendendo’ sempre há muito o que considerar antes do zero.

Incrível, se transportamos esta condição para a vida prática, o que podemos ‘ver’ antes mesmo que possa acontecer. É a ideia se antecipando ao plano, antes mesmo que este aconteça. O pensar antes de pensar, como se tivéssemos em cada evento uma pré-escola de pensamentos, com didática própria a nos ensinar cada caminho, cada rumo. Algo que só existiria, por exemplo, nos primórdios da lógica matemática a ser formada na criança, em volta dos 5 a 7 anos dependendo das suas experiências de linguagem e ou do teórico considerado…

Sim porque as diferenças entre as teorias nos levam a abordagens e argumentações diferentes, embora o previsto é que cheguem ao mesmo ponto considerado, o objeto, que é a verdade justificada. Isto seria, de certa forma, determinar no que tende a zero, quanto há ainda para alcançar algo. É assim que as distâncias ganham em proporcionalidade quanto ao que tende a zero. O que seria o seu ‘zero’. Tu sabes qual seria o teu zero? Acredito que não. Mas podes imaginá-lo em relação a qualquer objetivo a ser alcançado, ou em relação a qualquer coisa que pode ser perdida, onde o perder seria possivelmente o teu zero? Isto te aniquilaria ou te tornaria mais otimista? Saberes que por mais perto que tu estejas do teu zero, sempre existirá ainda um espaço intervalar onde poderás viver, buscar, tentar novamente.

Como algo tão exato, objetivo, como a matemática poderia se colocar sob uma ótica tão, tão subjetiva? É preciso ser preciso, já que temos o dom da previsibilidade, pois apenas o ser humano vive a trilogia do tempo de uma só vez, num só instante. A proporcionalidade está em tudo nos cercando e nos tornando mais perto de entendermos Deus, de uma forma menos dogmática, de uma forma mais autônoma e independente, por isto o próprio dogma nos ensina que Ele nos fez sua imagem e semelhança. Mas como poderia um ser presumivelmente imperfeito como o ser humano, ser imagem e semelhança daquilo, ou daquele que considera seu ideal de perfeição, ainda que nunca o tenha visto, nem tocado, simplesmente por uma questão de tender a ser, neste caso o zero, poderia ser Deus.

Sim porque o zero de cada um é uma premissa para análise de possibilidades. Quando algo tende a zero, é uma promessa. Pois o zero de cada um poderia ser o seu ideal, sua procura, seu maior desejo. Tender a zero pode ser o nunca chegar lá, mas aproveitar o espaço intervalar sabendo que o ‘antes’ do quase nada, na verdade é o seu tudo. É o que tens e deveria ser o que te basta. O que faz que seja assim? O desejo que freudianamente falando está na base da fantasia. Desejar sempre. Querer saber o que vem antes do suposto fim, já que nem sequer sabemos se ele existe.

Assim supostamente nos destruímos, reconstruímos e construímos tudo de nós e do outro, no plano da inexistência, sabemos que tender a zero, ainda não é, pois, o zero de cada um. Enfim é onde cada um coloca suas expectativas, propondo a si mesmo ser feliz, considerar antes 'tender' a ser feliz, já havendo sido, e querendo novamente ser, pois tudo assim entendido, pode significar que existir é só uma questão de ‘tender’, e já está ótimo…


In: ‘Tendendo a Zero, Posso Crescer’ Prosa de Ibernise. Barcelos (Portugal), 24JUN2014.
Ibernise
Enviado por Ibernise em 04/09/2014
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