A UM GUERREIRO ANTIGO

                                           REPUBLICAÇÃO
 


 
     A ti, guerreiro, que em tempo imemorial lutou com o dragão para defender a donzela, olho teu rosto, teus olhos, teu corpo, estremecendo no gozo que é teu, na agonia de seres no instante o Tudo, que é só teu. O poder que me outorgas neste momento em que tenho teu corpo em minhas mãos, anêmola, estrutura de planta e água... Sabendo disso, faço de mim dedos pianíssimos, asas de borboleta sobre teu instrumento e sinto-te a música, na minha alma, no meu corpo, feitos ambos da mesma substância que teço em ti, substância de água, de brancura, de silêncio, e depois meu olhar velando o teu sono, guerreiro que em dia ancestral lutou com o dragão, para defender a donzela.
 

 
Texto de 11 de novembro de 1990, para aquele que, em alguns dos meus escritos, aparece com o nome de Rubem.