DOIS PRESENTES
Num repente a vida me deu dois presentes. Eu seria avó duplamente.
Assim, ainda meio abobalhada, diante da dose dupla de felicidade, me vi em meio a ideia de recomeçar.
Mergulhei em busca de leitura que me refrescasse a memória, já desmemoriada, depois de mais de três décadas sem embalar um bebê.
Aprendi palavras novas, como: "maternagem", e me pus a sondar em cada linha. Busquei nas entrelinhas, conhecer ou reconhecer, tudo sobre como cuidar bem de um nenê.
Hoje, com o Nolan em meus braços, e o Luca em compasso final de espera, repito encantada, que tudo que eu disser, não reproduzirá da minha alegria de ser avó.
Meus braços já não são tão fortes, me canso fisicamente ao embalar o Nolan, em cantigas antigas de ninar.
Tento camuflar minha ansiedade, nessas semanas que faltam, para a chegada do Luca.
Em meus dias, instalou-se um caos, onde antes existia ordem. Porém, tenho amado viver em meio a essa "desordem" que todo bebê traz com ele. Horários e mais horários, fraldas e mais fraldas, choro e riso. Tudo isso, tem me levado de volta a um antigo e conhecido paraíso.
Semelhante a cada papel que a vida me levou a desempenhar, estou me dedicando a aprender. Me abro inteira ao desconhecido (para mim) universo das avós.
Não nasci avó. A vida me tornou avó.
Eu, só posso confessar, que tenho amado.
(Imagem: Lenapena)