I
Quando eu me for deste mundo,
pobre deste mundo
que não poderá ir comigo!
II
Eu sempre me imaginei este ser prosaico
que leva uma vidinha ordinária,
até que ler a palavra “poesia” muda-me por completo,
me desperta para o existir de um mundo mágico,
aonde se vai com asas e sem o peso do corpo.
Ser poeta, portanto, é como estar morto,
desde que a morte seja apenas um porto.
III
Com tão parca e pobre poesia
o que queres de mim e por quê?
Por quem me tomas?
Um Baudelaire, um Artaud ou um Rimbaud?
Um Bandeira, um Drummond ou um Quintana?
Eu, este quase ninguém, em quem as palavras em caos
de repente e muito por acaso de algum modo se ordenam,
assim mesmo ao acaso e às duras penas,
na ordem das coisas grandes
e na desordem das coisas pequenas,
que são coisas apenas.
Coisas feitas de muito desses dilemas
e desses paradoxais problemas:
o céu e o abismo, o pensamento e o silêncio,
o calar ou talvez este grito, a palavra ou, quem sabe, o poema,
o verso posto com gosto e o desgosto de parir tudo isto,
o devir deste agosto, o partir de setembros e novembros,
meus dezembros que não tem aonde ir, fevereiros,
coisas tantas feitas dessa triste vontade de rir,
e rir tanto, mesmo sem vontade,
da sorte, da vida, da morte, da lida, da coisa doída,
da coisa tão sentida nessa vontade de não mais sentir
essa mais que improvável necessidade de ser forte,
coisas feitas de tudo aquilo que cansa, que é só cansaço,
cansaço de viver, sonhar, buscar, esperar, morrer ou lutar.
Esta tão pouca verdade que na realidade não existe
e que só é verdade aparentemente por que alguém insiste!
Quando eu me for deste mundo,
pobre deste mundo
que não poderá ir comigo!
II
Eu sempre me imaginei este ser prosaico
que leva uma vidinha ordinária,
até que ler a palavra “poesia” muda-me por completo,
me desperta para o existir de um mundo mágico,
aonde se vai com asas e sem o peso do corpo.
Ser poeta, portanto, é como estar morto,
desde que a morte seja apenas um porto.
III
Com tão parca e pobre poesia
o que queres de mim e por quê?
Por quem me tomas?
Um Baudelaire, um Artaud ou um Rimbaud?
Um Bandeira, um Drummond ou um Quintana?
Eu, este quase ninguém, em quem as palavras em caos
de repente e muito por acaso de algum modo se ordenam,
assim mesmo ao acaso e às duras penas,
na ordem das coisas grandes
e na desordem das coisas pequenas,
que são coisas apenas.
Coisas feitas de muito desses dilemas
e desses paradoxais problemas:
o céu e o abismo, o pensamento e o silêncio,
o calar ou talvez este grito, a palavra ou, quem sabe, o poema,
o verso posto com gosto e o desgosto de parir tudo isto,
o devir deste agosto, o partir de setembros e novembros,
meus dezembros que não tem aonde ir, fevereiros,
coisas tantas feitas dessa triste vontade de rir,
e rir tanto, mesmo sem vontade,
da sorte, da vida, da morte, da lida, da coisa doída,
da coisa tão sentida nessa vontade de não mais sentir
essa mais que improvável necessidade de ser forte,
coisas feitas de tudo aquilo que cansa, que é só cansaço,
cansaço de viver, sonhar, buscar, esperar, morrer ou lutar.
Esta tão pouca verdade que na realidade não existe
e que só é verdade aparentemente por que alguém insiste!