ERA UM VELHO...
Era velho!
Era negro!
Já estava lá pelos 85 ou 90 anos
Seu corpo cansado, arcado
era levado no compasso
do andar arrastado
sobre aquele extenso viaduto
Seus cabelos brancos como a neve
de uma existência que o tempo enfraquece
denuncia a tristeza no olhar
da história que já viveu
que até mesmo ele já esqueceu e
o faz pelo viaduto andar
Seu mundo um corredor
caminhada de muita dor
sobre o viaduto que o esconde
seus semelhantes passam de longe
não querem ver aquele semblante
da criança que hoje é adulto
que vence o viaduto
para sob o mesmo
repousar...
Repouse em paz meu velho!
Era velho... Era negro...
Era eu!!!