CAFÉ BROCADO

Um homem com simples vestes

Entrou no “Expresso Café”

E pediu café em grãos

Pois só nesse tinha fé.

“_ E se, em grãos não existe

Aqui nesse café chique,

Também me serve um brocado

Pra mim o melhor que existe.”

A garçonete, mineira, coitada

Muito da embaraçada,

Tentou explicar pro moço

Não podia fazer nada.

Ali não tinha esse trem.

Esse Café, ali era lixo.

Só tinham café expresso

Jamais ia ter um bicho.

Mas o homem paciente

Tentou lhe explicar somente

Que ele queria café puro,

Não com “broca na semente”.

Mas ainda sem entender

A coitadinha da moça

Ousou ainda dizer:

Isso parece uma troça!

E o homem ainda paciente,

Explicando seu desejo,

Lhe disse que era diferente,

O seu café tinha mais peso.

E comiseradamente

Explicou que o café

É selecionada “a semente”.

Antes de chegar pra gente

A garçonete insistindo

Falou pro moço entre dentes:

É o melhor que há no Brasil,

Esse café aqui da gente.

E o moço disse pra ela:

- Moça eu vim lá da roça.

E sei que esse seu café

É o que sobrou, a palhoça.

O melhor vai lá pra fora.

E, não creia só em mim.

Esse café da senhora

Pode ser só palha, sim!

A moça deixando claro

Que não estava confiando,

Foi pegar um pacote

E pra ele foi mostrando.

E em seguida dando pinotes,

Querendo arranjar uma briga,

Disse-lhe mostrando o pacote:

- Aqui está, seu caipira de uma figa!

O moço sorriu pra ela,

Pegou o pacote dela

E mostrou de onde vinha

no pacote com letra bela

- Sou dessa região, sabia?

Lá se planta com muita sorte,

Pois o clima favorece,

Bom café de sul a norte.

E como ela insistia

Para ela compreender,

Foi dizendo com maestria

Que ele tinha como saber:

Pois plantava e colhia,

Este café noite e dia

E o vendia pra comer.

Por isso é que ele pedia

Se pudesse fornecer

Queria ver o café,

Tocar nele e saber

Que nele podia ter fé.

Mas Já tinha visto “safados”

Que torravam casca e escolha

ao invés do grão falado

e vendia como café “na moita.”

Era Por isso que a seu gosto

Não queria empacotado.

Ao beber café no aeroporto,

Pedia café brocado.

Para sentir a semente

Que fosse um tiquinho meio fraca

Sabia que era café somente

E no meio não tinha casca.

Assim meio aborrecido,

Foi saindo do lugar.

O motorista abriu-lhe a porta

E ele não esqueceu de acenar.

E então a moça, constrangida,

pálida, e não acreditando,

O viu entrar num Mercedes

E partir, com um motorista guiando.

Na porta estava pintado

Um emblema atrevido:

“Fazenda café brocado,

grãos de café escolhidos”

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 26/08/2014
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