NO SILÊNCIO DE MIM



Caminho pelo silêncio de mim
na manhã de Sol
sempre o Sol e a manhã
a caminharem
do lado de fora da janela.


Caminho-me
tentando sentir o gosto
deste sempre ter que estar dentro
sempre pelo lado de dentro...
sempre...
sempre...


Olho o Sol
olho a luz
olho a minha paineira
sei que nada me pertence
como eu não me pertenço a mim mesma
saboreando-me, ao menos,
a sensação de ser um breve leve sonho
- não um pesadelo.


Saboreio o  início do dia
espelhando-me no ser
da imagem que postei
para ilustrar
este texto
que se quer
um pouco
próximo do poético.


Um ser
sentado em um banco
só consigo mesmo
diante da paisagem que se abre
da paisagem das árvores
em dourado e verde.
Imagino para ele
uma solidão de silêncio e de encantamento.
E sonho-me nele, por estes minutos,
enquanto escrevo.