UNIVERSO PARTICULAR

UNIVERSO PARTICULAR

Silêncio total, madrugada esvaindo-se...

Estrelas que vão pouco a pouco perdendo o brilho,

Até que sol venha a raiar

Até que seus feches de luz transpassem

As janelas, cortinas e iluminem negros rostos sonolentos,

Convocados a despertar para mais um dia de guerra

Para alguns de rotina sórdida,

para outros de natureza mórbida.

Entretanto via o nascer do dia e só então percebia o quão tamanha ainda era a minha agonia

Sentia o fardo dos meus anseios,

as seqüelas dos meus bloqueios

Uma imagem linda se formava a linha do horizonte

Era a minha fé

Se fazendo presente quando mais me encontrava descrente

Se permitindo ser visualizada

quando minha alma sentia-se desprezada

Minhas virtudes insuficientes

e eu perguntava

Por quê?

Por que me sinto tão carente?

Por que sentir-me tão abandonado

mesmo quando quantitativamente cercado?

O medo crescia

a angustia batia com força a tapas sensíveis.

Convocando as lagrimas

que insistiam em não correr entre as pálpebras

Não caírem em gotas representantes do vazio

que insistia em ocupar espaço

Que tornava intranqüilo o coração,

que me tirava bruscamente a coroa de rei

Quando mais desejava apenas ser súdito,

mas que trazia duvidas sobre tudo e sobre alguns

Menos sobre os raios e trovões

que cortam o céu nos dias de chuva

Porque estes representam o meu espírito

e ele é guerreiro inquestionável.

Diante de tanta aflição

percebo então que definições seriam precipitadas

Conceitos seriam e sempre serão condicionados a mudanças

e que muitas pessoas tentarão,

mas poucas acompanharão as minhas andanças

Vejo que realmente tudo posso naquele que me fortalece

E aquele que me fortalece tudo pode sobre mim

Quem questionaria um homem carregando um machado cuspindo fogo?

Mas vindo ao meu socorro

insistindo em mostrar-me alternativas,

ofereço-lhe então cadeira cativa na minha vida

e regimento sobre minhas decisões

e ainda interligado a um momento de percepções

Escuto lá longe

passos fortes que fazem tremer o chão

e um caminho sendo trilhado a golpes de foice e facão.

Um caminho seguro

a ser percorrido sem a sensação da presença do obscuro, sem a necessidade preventiva de olhar para traz

em defesa da minha integridade,

porque tal como a minha coragem e fé,

homens e cavalos, imponentes guerreiros

me conduzem ao outro lado do rio,

onde posso desaguar, desabando entre lagrimas,

onde posso gritar o que preso esta,

o que aperta-me o peito

o que impede o sorriso de alastrar se pelo rosto

e o narciso de trazer me de volta até mesmo os excessos: de confiança, de respeito e amor próprio,

de estimulo a seguir,

de aprendizados trazidos pela dor da ardência provocada pelas amarguras,

mas também de um reerguer com ternura,

com uma força sobrenatural

e com a cabeça baixa em sinal de respeito aos ventos que passam trazidos por ela

sinto sim o levar de todas as mazelas e aflições.

Sinto assim a leveza que paira sobre o corpo liberto

e que me faz no rompimento do transe erguer a cabeça,

levantar, banhar-me no rio onde derramei minhas próprias lagrimas

sentir que não fui ceifado da vida

e sim apenas por instantes privado de momentos alegres.

Que a tristeza é revertida em aprendizado

e vai para o baú do legado

onde a minha Dandara e quem sabe outras 4 futuras bênçãos

ao beberem da fonte deixada

haverão de compreender que a pedra bruta nem sempre precisa ser lapidada.

Um brilho de luz arranca outro brilho do olhar,

segredos continuam sendo segredos

não por assim desejados estarem permanecer,

mas pela ausência ou demora,

melhor assim pensar

da rainha digna deles compartilhar,

da cadeira vazia ao lado do trono,

dos bobos da corte que de bobos nada tem

e das indignações e incompreensões que quebram nos o analisar dos poréns, do ladrão que nos roubou os sonhos

ou que os deixou em pedaços

nos fazendo acreditar não serem mais possíveis,

da força estranha como diria nossa Betânia

que ha mentes tacanhas jamais se fará compreender,

mas acima de tudo da falta que você esta fazendo,

da necessidade de gritar que mesmo a seguir ainda esta doendo,

que procurei remédios em outras farmácias

mas só vendiam sob prescrição

e que a prescrição não era medica;

era histórica, notória e simples tal como o abrir dos braços para acolher me,

do coração para receber me

e das mãos leves e meigas para acariciar me a face

tranqüilizando me totalmente

ate o sono arrebatar me,

mas não sem antes presenciar com um só olhar meigo e alegre

onde consternasse a frase:

sou sua estou aqui pra aceitar tudo que tens a me oferecer,

para regar esse amor junto com você

e para jamais nos perdermos de novo.

Fim de jogo,

não pela derrota, nem empate

e sim por uma vitoria da qual só nós dois fazemos parte e

conhecemos os dissabores do tempo perdido,

vivamos e viva ao nosso a partir daqui universo particular.

Sergio Badbah
Enviado por Sergio Badbah em 23/08/2014
Código do texto: T4933930
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