"PARENTES DE ESAU"

A chama continua a tremular, bruchuleia, como se estivesse morrendo

num sinal de sofrimento. A areia da ampulheta, hirta de alta magia

busca a imortalidade na noite. É a vida com seus mistérios, do início

pouco nos lembramos, as pegadas entre os pedernais. A vida pode ser

uma alegoria: é sem ser. Só se pode aceitar o que foi vivido e escrito.

Aceitá-la simples, natural entre queda e voo, rápida e suficiente.

Somos parentes de Esau(*1) e nunca aprendemos a descer e subir

escadas( *2) por erro certo e certeza errada e jamais estaremos

prontos para o fecho de ouro da história que se conta.

*1: Alusão à parábola bíblica do filho primogênito de Isaque e Raquel

que trocou sua progenitura por um prato de lentilha, renunciando

aos privilégios de comandar as doze tribos de Israel.

*2: Alusão à Escada de Jacó.