Soldados sem lembranças

Ergue-se a cabeça e avança pela causa. Os tambores jazem a musica de guerra que tira do seu corpo a calma.

Frio na barriga, fuzil nas mãos, pronto para cena real. A tão esperada, prepare-se a faca, pois munição acaba.

A bandeira de frente representa o ódio que falava em nome do amor. - Soldados Marchem! Mostrem o inimigo o nosso valor.

Sua farda o pesa, seu capacete o cega, seus companheiros não vibram como antes. Pensou sem refletir "porque a guerra existe, não queria eu estar aqui"

Que honra lembrara depois, que importa se matou vinte homens? Deixou centenas feridos? A lembranças é o barulho dos tiros, explosões, gritos.

E uma vez no combate, verá a morte de perto. Cada respiração sentiria o vapor do inferno.

Não conseguia pensar em nada mais, que sua mulher viúva e o filho sem pai.

Tinha que voltar, mas quem iria resgatar-los? Cuidava de suas costas pra não encurrala-los.

Não podia se acovardar alie estava sua equipe, cada um que caia, perguntava-se quando sua hora seria.

Quem faz a guerra não morre por ela e naquele instante provaria. Sentiu em alguns instantes ser um morto vivo. Isso que é a guerra o sabor amargo do genocídio.Poderia sobreviver, mas em campo minado a esperança é mínima. Ferve o corpo tremendo de medo, olhos abertos, ouvidos atentos. Mudança de clima, não sente o vento, não soa. De nada servia o treinamento,falsas juras por bandeira, tudo que pensara era sobreviver. Não encontrava motivo pra morrer, atirou, atirou, trocou pente e descarregou. Já não tocara mais guitarra, agora o instrumento matava e emitia sons insuportáveis. Uma granada lançada,em ninguém acertou, não havia modo de pegar angulo, não era como nos games, não era como nos filmes.

Os olhos inimigos pareciam esta em toda parte. Como se soubesse da estratégia, como se estivesse entre as alturas dos edifícios, rindo com o dedo no gatilho.A resistência causara contrastes, muitos caíram, sua mente não tinha tempo para captar tudo aquilo.

Só ficou, sua tropa caída, não podia dar um adeus, a quem um dia jurou na batalha que ia ser protetor seu.

As trevas domam o mundo, e nos céus colhem-se heróis.Vendo seus amigos morrendo pela bandeira pensou: "A bandeira morreria por nós?

Pra poupar a quantia vindoura que lutará por vós.

Se desejas honrar o soldado morto, preserve-o os próximos vivos."

Sem que pudesse contar pra ninguém sua filosofia, não havia mais ninguém alie, seu fuzil tornou-se a companhia de sua morte;e a morte o chama,não só o chama como foi o buscar.

Reforço chegou mas quem iria levar? Corpos, e corpos, outros nem completo estará.

E vindo de trás o som do comandante ordenou: - Carregue os corpos vamos provar nosso valor.

Veene
Enviado por Veene em 18/08/2014
Código do texto: T4928047
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