Flores Noturnas
Trazia o coração cansado de estradas,
a poesia era a última gota a qual ansiava beber...
aos pés descalços repletos de tempo... além das manhãs...
a rotina de poentes trazia vida ao dia que está.
A vida é assim reluzente nos prados que os olhos não veem,
mas obscura aqui, bem aqui... uma escuridão de nuvens, não
que seja feia ou má, simplesmente nublada
diante dos olhos de outono...
e abandono.
Trazia no coração aquela última gota, quase uma certeza,
talvez um apelo, mas presente, pulsante.
e o cansaço de tempo não impedia novo passo,
andava no nublado, buscando o sol... a poesia gotejante... aqui e ali,
como uma seiva que dá alerta aos sentidos... que dá alento
a memória... que dá alimento a saudade.
E os pés cansados repletos de tempo e lugares
vão adiante.
Buscam o norte, de flores noturnas, de cores azuis,
de rosas de outrora...
e a insistente gota de poesia fervia nas veias,
raiz tão antiga que teima em viver.
Seja no nublado do dia... seja no poente diário, insistente,
seja feita a tua vontade poesia... teimosa... inesgotável fonte...
seiva da manhã.
Os pés exaustos de tempo e caminhos, de dias nublados de rimas,
deixam em teus versos os sonhos,
buscam em teu espelho os gestos... pra sempre.
Infinito... incansável nascer do sol!