O banquete da insânia

O mar de minha mente fervilha de abominações, e elas estão particularmente irrequietas hoje.

Emerjam das profundezas, ó meus amigos, únicos que tenho, pois um maestro não pode executar suas sinfonias sem sua confiável orquestra.

Cobras, lagartos, aranhas, tubarões, vermes, polvos; deixe-me contemplar vossas belas cabeças disformes e teus olhos que cintilam com o mais puro brilho do ódio, tuas garras, patas, dentes e tentáculos monstruosos erguidos em riste numa eterna ameaça ao mundo dos seres viventes.

Que teus corpos viscosos, ainda respingando água e refletindo o doentio e sanguinolento luar rubro, se arrastem esguios pela areia coberta de ossos e tripas putrefatas até mim...

Ouçam minhas palavras, que fedem a brandewijn e a éter, e afinem vossos instrumentos; quero ouvi-los rugir à Lua com a mais profunda angústia que tiverem em seus corações.

E eis que os monstros de meu subconsciente cantam e dançam, enquanto eu, cambaleando de ébrio, valso descalço com o espectro de Stephanie, meus cabelos se esvoaçando em desordem com o vento enregelante.

E lá no céu, carcaças de gaivotas nos observam, soltando estridentes arrulhos.

Oh, que sonoro e deleitável banquete! Trimálquio ficaria invejoso.

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 17/08/2014
Reeditado em 02/11/2018
Código do texto: T4926379
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