O banquete da insânia
O mar de minha mente fervilha de abominações, e elas estão particularmente irrequietas hoje.
Emerjam das profundezas, ó meus amigos, únicos que tenho, pois um maestro não pode executar suas sinfonias sem sua confiável orquestra.
Cobras, lagartos, aranhas, tubarões, vermes, polvos; deixe-me contemplar vossas belas cabeças disformes e teus olhos que cintilam com o mais puro brilho do ódio, tuas garras, patas, dentes e tentáculos monstruosos erguidos em riste numa eterna ameaça ao mundo dos seres viventes.
Que teus corpos viscosos, ainda respingando água e refletindo o doentio e sanguinolento luar rubro, se arrastem esguios pela areia coberta de ossos e tripas putrefatas até mim...
Ouçam minhas palavras, que fedem a brandewijn e a éter, e afinem vossos instrumentos; quero ouvi-los rugir à Lua com a mais profunda angústia que tiverem em seus corações.
E eis que os monstros de meu subconsciente cantam e dançam, enquanto eu, cambaleando de ébrio, valso descalço com o espectro de Stephanie, meus cabelos se esvoaçando em desordem com o vento enregelante.
E lá no céu, carcaças de gaivotas nos observam, soltando estridentes arrulhos.
Oh, que sonoro e deleitável banquete! Trimálquio ficaria invejoso.