A última Carta.

Já era madrugada, não havia estrelas no céu, tudo ficou sombrio e uma profunda angustia tomou seu coração, ela sentia que algo ruim estava para acontecer, mas não sabia de onde viria.
O dia já não lhe fora agradável, mas deu para suportar, a noite o cansaço, chegar em casa tomar um banho e dormir era tudo que ela queria, e aquele aperto no peito de algum jeito passaria.
Ela não sabia o que lhe esperava em casa.
Pessoas lhe perguntava o motivo da súbita tristeza, ela não sabia explicar, disse o máximo que pode uma “dor de cabeça” na verdade a dor estava em sua alma.
A linha que limitava a sanidade da insanidade era tênue demais, ficar calada era mais que necessário.
Tem coisas que ninguém entende; como está rodeado de pessoas e sentir-se sozinho, ou saber o caminho certo e optar por um atalho, ter alguém para amar e amar aquele que não tem. 
Ah! como ela precisava de alguém para dizer tudo que estava passando, tudo que estava sofrendo.
Não havia ninguém!
Era vencer ou se entregar, uma opção tão difícil quanto à outra.
Quando em fim chegou em casa e abriu sua “janela” estava lá, o motivo de sua angustia.
Uma carta, a carta que lhe dizia “Não” entre outras palavras; ela sentiu que o perdera de vez.
Pois, ele já tinha ido, era tarde demais...
Ele a deixou na mais absoluta solidão, que a levara ao desespero.
Ele sabia que não podia deixa-la, que não podia virar-lhe as costas e sumir, não naquele momento.
Ela também sabia que esta seria a decisão mais coerente, mais sensata, mais justa e não o culpou de nada, ela mesma não tinha forças pra tomar esta decisão.
No entanto teve coragem para tomar o cálice da morte e não amanhecer...