Já dizia Paulo

Quando morrer, quero morrer só...

Não quer um amor, não quero calor,

não quero caixão nem paletó.

Quero morrer descalço,

camisa rasgada e careca...

Quero morrer de bruços,

de um lado Camões do outra a peteca...

Na boca um charuto, no corpo a dor,

nas mãos um anel que não seja de amor...

Quero morrer tranqüilo sem problemas.

Quero ser enterrado como encontrado,

com uma garrafa de cerveja inglesa,

uma senhora escocesa e 2 meias burguesas...

O charuto eu quero cubano,

a barba com cara de Che,

pode por uns livros do lado

para aqueles que quiserem ler.

Ponha Neruda, Chico, Mario, Alvarez

Gonçalves, Machado, Cecília e Camões,

Não quero devoção a santo, porem quero

extrema unção, não quero amores falsos

nem falsidade vãs...

Quero morrer em paz, portanto me dêem a paz que mereço,

quero morrer como em vida: morto, sozinho e sem amiga...

Chorando póstumo enterrado a sete palmos,

quero me lembrar do ar e sentir falta da vida

das dores malditas que fingi não sentir

e dos amores malditos que fingi que vivi

Quero flores a cada dois meses e meu sobrenome real,

se puderem tracem um cognome, e se não puder,

não faz mal!