Resignaçaõ
permaneço na procura do eu que de mim
pelos séculos se perdeu
agradeço ao que hoje tenho e que de quebra
nada é meu
não me precipito à vida porque que a vida
de mim a tempo se perdeu
cada viagem, miragem, mistificação
de uns improvisados e imprecisos sonhos se acotovelam
pelo abismo dos séculos fugidios
a cura da dor, a dor da cura
o remédio que cura também mata a criatura
o porto sempre abandona o barco
mais cedo ao mais tarde, derramamentos de sangue
de olhares e adeuses
viajo pelo olho mágico da noite
me libertando de visitas furtivas
mergulho na escuridão das lembranças semi-postas
das vitórias e glórias já esquecidas