Seresta.
Recebe com carinho os cânticos que eufórico eu minuto,
Guarda-os junto ao peito como sendo raios luminosos,
São clamores provocantes mas pulcros redigidas por tributo,
Neste inverno sem o colorido das flores e dias melodiosos,
Aufira-me, sem alarme, como nas luzes do verão saudoso,
Nas pegadas da fina aragem que hipnotiza e perfuma,
Nos límpidos raios dourados cintilando no afã gostoso,
No delicado e deleitoso acolhimento da cheirosa bruma,
Acolha-me no silêncio da manhã que suavemente alenta,
Descubra os meus passos mansos na grama verde do jardim,
Sinta a afabilidade do meu peito pulsando no calor que sustenta,
Penetre nos mistérios que falam apropinquando-se de mim,
Receba-me no momento de dormir, inclua-me no teu sonho,
Vislumbre minhas pálpebras abrindo espiando teu sorriso,
Conceba-me como teu bardo nas linhas que componho,
No vestígio indubitável das palavras que sem pressa improviso,
Conceda-me estender o manto para que passes em segurança,
Que eu sinta a maciez dos teus cabelos soltos entre meus dedos,
Sorver as alucinações dos devaneios exultantes de esperança,
Sendo parte integrante dos teus recursos e dos teus segredos...