Rochas no Vendaval
Na noite os corações partidos escondem-se nas sombras
Fugindo das luzes, esperando um amanhã.
Ouvem-se sons de lágrima em todo lugar...
Há vidas sob o solo, sob a tempestade, sob os escombros,
Enquanto os poderosos levam existências vãs...
Quem poderá nesse pesadelo sonhar?
Amantes partidos se vão, partem para o adeus.
Crianças abandonadas achegam-se, juntas na solidão.
Na correria há homens vagarosos com os irmãos seus,
E apenas a chuva, e apenas o vento, e apenas a escuridão...
Como esconder do mundo as crianças morrendo de fome,
Como ocultar os feridos que dormem sobre as pontes?
Como esquecer os assassinos que andam livres pela esquina?
Há os que ocultam cada crime de um homem
Expondo os inocentes em todas as suas fontes.
E a morte e a dores são dos senhores do poder as sinas...
Não se olha pra trás
O amor já se tornou fraqueza
O progresso é a lei, o povo busca o futuro.
Na noite o frio afasta os corações.
Não importa o que faz
Pra se chegar a toda realeza.
Pois o sentimento é esconder as emoções
Como o gelo que se desfaz sobre os holofotes, as tochas,
E tantos assistem o mundo real sonhando encima do muro.
No vendaval, não sobra rocha sobre rocha.