O livro de Alice
Desde pequena Alice aprendeu a crer em destinos e propósitos. Agradeceu sempre aos céus por tudo aquilo que lhe era provido. Nada parecia acontecer por acaso. A indiferença do universo, uma ideia tão insuportável, nunca perdurou em sua mente.
As pessoas que a cercavam pareciam ser parte de um propósito maior. Era como se o universo tivesse uma importância especial por ela. Seu ego lhe reservava um papel de protagonista neste mundo.
Sua vida sempre foi assim: um livro contado, escrito por uma confluência de forças superiores.
Não tomou para si a pena que desenhou e deu vida ao seu caminho. Nem percebeu que havia estrada apenas para trás, mas não à frente.
Alice abdicou da grande autoria de sua maior obra.
Viveu uma outra vida, que não a sua.