Desconfio não saber escrever pra você

Achei que soubesse escrever alguma coisa, falar de sentimentos em rimas patéticas, mas que, patéticas, ainda assim rimas.

Não sei de concordância, coerência ou coesão, erro sempre, e por isso nunca arrisquei na prosa, o continuo sempre me pareceu perigoso, arriscado, tiro no pé pra quem só sabe rimar.

Olha o tanto de justificativa poética (ou não) para os erros grotescos que estão por vir.

Meu amor, eu sabia escrever antes de você.

Agora como fazer rima com as marcas do seu corpo e dos nossos movimentos?

"arrematou

bateu, ficou

tremeu e

marcou"

Ultimamente tenho andado muito aflita com isso, e agora você sabe, conversamos uma vez sobre e é verdade: como vazar minha criatividade assim?

Você também sabe, amor, que hoje ser poeta é clichê, e eu sou e você é -bem melhor.

Ando enrolando para chegar no assunto porque sim:

- ainda que convencida

do fracasso de rimar a minha ida

ainda estou tentando. -

Fugindo da minha escrita, espero que me permita tentar descrever o barulho do teu sorriso.

Sim, seu sorriso tem barulho, que fala de você, que fala pra mim que superar o querer e põe fim no que é ruim, que não só dá pala para o que convém e só.

E tudo em você faz barulho, seu andado de samba, seu olhar de rock in roll e o beijo..... ah, o beijo é um xote de quem não tem medo do escuro.

E como eu te amo, te amo sim, porque os melhores chamam buceta de buceta, e amor de amor e não de céu ou de sorvete, é amor mesmo.

Daquele amor doce e amargo, de briga, sexo e filmes a meia luz que a gente ler nesses romances de 1,99 nas bancas de revista.

Amor de casamento, de jantar com a farda do trabalho, tomar banho e dormir -ou não.

B C
Enviado por B C em 24/07/2014
Código do texto: T4895434
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.