NA PLATAFORMA DA VIDA
Cheguei atrasada
na plataforma da vida.
O comboio já havia partido.
O trem, o bonde, a nave espacial, sei lá...
Fiquei perambulando entre estranhos,
rostos que nada me diziam,
olhares que não me atraíam,
pessoas que sequer
se pareciam comigo.
Saí então a caminhar
olhando as pedras
que cobriam o lugar.
Essas, não embarcavam
porque imóveis, olhavam apenas,
os transeuntes que iam e vinham...
e eu em meio a eles, solitária
sem saber para onde ir.
Mas nessa altura, pouco importava.
A vida já se comprometera
de me nortear... tudo já traçado
e devidamente vivido.
Agora era esperar o amanhã,
as rosas que me seriam ofertadas,
os espinhos que viriam me ferir...
À minha frente uma amplidão
de mistérios, desde o lúdico
ao real.
Dia após dia, assim seria.
Num vislumbre eu podia enxergar
que ainda havia
algum chão pela frente.
Isso me fazia seguir
contrita e segura.
Talvez buscando...
um novo resplandecer!