PROSA POÉTICA – Dia do amigo – 20.07.2014
PROSA POÉICA – Dia do amigo – 20.07.2014
Estou frente a frente com o meu computador,
Querendo escrever alguma coisa sobre esse dia,
Mas não vislumbra a minha mente qualquer saída,
Deu-me uma espécie de nó, um branco, um apagão,
As palavras não saem, os dedos não se movem, memória contida,
Tentei me lembrar dalgum amigo de fé, até mesmo de farra,
Ou do trabalho árduo de cada dia, o nosso ganha-pão,
De repente alguns nomes foram aflorando, assim como na marra,
Foram poucos, talvez meia dúzia, mas que já partiram desta vida,
E mais uma vez fiquei a ver navios, sozinho no porto,
Sabe, isso me deu um imenso desconforto,
Porquanto não pude estar presente em cada despedida,
Pois as notícias só chegam bem depois de consumada,
Afinal, tantos anos vividos e nada...
A minha profissão foi a grande culpada, pois,
Dois anos aqui, três acolá, ou alguns meses somente,
Que para enraizar uma amizade é insuficiente...
Restam tão somente os amigos da internete,
Virtuais, claro, e que se vão afastando aos poucos,
Uns deixando saudade, outros, como eu, quase loucos,
Cada qual com seu problema nesse mundo esquisito,
Que parece tende a durar o infinito,
Não há mais o direito de ir à rua,
Sua vida fica em cheque, praticamente nua,
A mercê da violência, até mesmo de “pivete”,
Mas ninguém ouve qualquer grito de socorro,
Por vezes fico em dúvida, só em pensar eu morro,
Não sei se espere o dia ou se abrevie o sinistro,
Que ainda não o provoquei por conta do Senhor Cristo,
Pois a angústia que carrego nessa vida de cachorro,
Só serve pra mostrar que cambaleante ainda existo...
Por pouco tempo, certo, tempo exíguo,
Para provar como é ruim não ter amigo.
Ansilgus.
Fonte da foto: INTERNET/GOOGLE