MEIO SÉCULO  (19 DE JULHO DE 1964)

 
O túnel invisível do tempo, mais uma vez, sequestra minha alma. 
Amordaça minha realidade. Para fazer livre, minhas recordações.
Embarco sem resistência, numa nau desgovernada, chamada saudade.
Num redemoinho infindo, a correnteza dos minutos, me leva para meio século atrás. 

No exato lugar, onde a ausência de sua presença, marcou a ferro e fogo o meu coração. Naquele tempo, era ainda tão pequenino o meu coração. Assim, como eu, também o era, nos meus 11 anos de vida.
Aquele dia, tão distante, na esteira dos anos, e tão presente até hoje, em minha alma, achei que havia sofrido tudo, que cabia nas entranhas mais profundas do meu ser. Ah, mais como eu estava enganada!

Ao longo desses 50 anos, senti sua falta, sem descuidar um só dia.
Sua lembrança suave, doce, gentil, amorosa, me acompanhou em cada suspiro.
Seria fantasia, imaginação de um coração saudoso, sentir você assim, tão próxima de mim? Não, tenho certeza que não.
O tempo foi um grande mestre, a me fazer entender que: amor verdadeiro, nunca morre, mesmo diante de tão dolorosa separação.
Amor como o nosso, permanece inalterável, não sofre a ação dos anos, nem se incomoda com a distância, essa, (distância) só acrescenta saudade imensa ao amor.
Nossas almas comungam de uma sintonia fina, eu bem sei, somos viajoras de priscas eras, sempre caminhando de mãos entrelaçadas.
Por isso, essa ligação tão intensa, que deixa um rastro de saudade luminosa, que tempo algum é capaz de apagar.

Hoje acordei e meu primeiro pensamento foi para você, e parece que te vi sorrindo para mim, ao lado da minha cama. 
 


(imagem: Lenapena) 
Obs.: Para minha mãe....


 
Lenapena
Enviado por Lenapena em 19/07/2014
Reeditado em 19/07/2014
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