Você é meu "eu"

Estou sendo sugado por uma força que resisto, por pensamentos que me consomem e me fazem sentir mais humano, mais tenso, mais vivo. Estou sendo atraído pelo que não posso pegar, pelo que não posso sentir, pelo que não posso viver.

O distante me atrai. Não sei mas se "sou", ou se apenas, me imagino, quem existe dentro de mim é tão forte, tão fraco, tão meigo, tão rude, intenso, rápido, que as diferenças se misturam e se tornam a semelhança de minha individualidade. A contradição me atrai, me chama, fugir, quebrar as regras; a libertação me aprisiona na dúvida de mergulhar ou se afogar nesse mar que construí. Percebi que a minha independência emocional finalizou quando descobri que o que estava sentindo era saudades: do seu sorriso, do seu abraço. Ai seu abraço! Com aquela pele tão quente que esfria e congela minha solidão em nada.

Também sinto saudade das suas palavras, ditas pelo seu olhar; sua companhia me fez ser eu, me faz querer ser melhor. Não sei quanto tempo vai durar, durar o quê? Não sei exatamente o que é, mas sei que é bom e me deixa feliz, não sei se é amor, se é paixão, se é amizade, aliás, até sei, porém prefiro acreditar na minha falsa ilusão de que não sei, vou viver os segundos com você como se o infinito estivesse ao nosso lado.

Os sentimentos já não são tão claros, óbvios, eles se misturaram, mesclaram, estão se unificando, meu coração não é mais meu, é nosso. Paro, penso, reflito, e a respiração ofegante causa dores no peito, angústia reprimida, dor que não machuca, um sofrimento bem-vindo. Olhando nos meus olhos pelo reflexo do espelho, percebo que a diferença da fantasia e a realidade não é tão distante, é muito próxima, e o que a diferencia é um fio condutor muito fino, e já não sei mais a veracidade de sua existência, ou pelo menos, do sentimento que considero que o outro sente. Será que estou vivendo um amor platônico disfarçado? Será que minha carência está iludindo-me e traindo minha razão? Não sei, são perguntas que o presente não me responde, são questões que apenas o futuro escreverá a resposta. Mas, o que importa são que felicidade ou tristeza, certeza ou dúvida, sensações e sentimentos estou vivendo, experimentando. Porém, quem será esse "eu"? Você pode ser o verdadeiro "eu" da história! Você é meu "eu", você é o próprio "eu".

As emoções são reflexos sociais emitidos pelas nossas ações, compreendidas ou não, vivenciá-las constitui a felicidade que tanto se busca.