Palavras Soltas
Desconfiei ainda criança que os caminhos iludem, entortam, disfarçam, matam a vastidão do universo. Andar por caminhos não valem a pena, pois o destino será sempre dual: o bem ou o mal. Tudo tão simples que confunde a mente mais sábia. Os caminhos nascem da própria perdição. Não necessitam de caminhos aquele que não se sente anteriormente perdido.
Para caminhar e viver o homem só precisa de vontade de vida, se isso existe, os caminhos desnudam-se por si só. Aquele que escolhe caminhos não faz escolhas, matam escolhas, afinal, dar a luz a um destino, seja qual for, é matar milhares de milhões de outras sinas que poderiam se concretizar.
Sim, faz sentido não ver sentido algum: sentido é para os fracos. Escolher caminhos é pior que não escolher caminhos, afinal, quando não escolhemos a própria vida escolhe por nós, pela força natural selvagem e instintiva que está em tudo: divino é isso. Deus é isso.
Já quando escolhemos, matamos a vida e as milhares de partículas quânticas que estavam prestes a se materializar nesta dimensão do diabo. Eu sou imóvel, e o que nasce de mim é produto de tudo, menos meu. Eu nunca escolhi escrever este texto, e também nunca escolhi não escrevê-lo. Logo, pense duas vezes antes de escolher qualquer coisa baseado nestas palavras soltas, nesta loucura delirante que nasceu do vazio.