Clarear da Noite

Eu te vi no meu olhar, dentro de mim, clamando por libertação, mas não posso deixar-te sair, pois temo que na tua libertação eu passe a ocupar o teu lugar, cativo em mim. Antes a tua dor que a minha, pois mesmo que esta dor seja em mim, no meu carcere, não posso te deixar partir, pois o teu voo será o meu rastejar.

Fique, fique em mim(!), não relutes, não deseje ir além da vitrine dos meus olhos. Viva, viva em mim (!), deixe-me te carregar no útero que sou. Mas acalma-te! Haverá um dia em que te deixarei partir, em que estarás livre no jardim da ignoscência...

Quando eu beijar a terra que cobrirá meu cadáver, então poderás partir, mas antes, te imploro o silencio, a submissão, te imploro as correntes que te dou no clarear da noite.

Profano
Enviado por Profano em 15/07/2014
Reeditado em 15/07/2014
Código do texto: T4882427
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