O Devir
Eu sou pura potencialidade, desejo de devir, evolução informe que se manifestará na linha do tempo, sob os olhos e o signo do sol. Estou destinado a preencher o vazio, a ocupar lugares inócuos, inabitáveis. Não renego meu destino, minha sina, eu sigo firme rumo ao meu algoz produto, pois serei inevitavelmente o que muitos pretendem evitar, mas sou potência, sou energia pura, sou partículas de vontade unidas pelo desejo primitivo e incontrolável de me tornar o que não se vê.
A morte existe. É a força motriz que dirige todo o acontecimento metamorfósico, e não há quem não tenha morrido, quem não tenha sido o que hoje já é, e que morrerá novamente, tornando-se irremediavelmente o que virá a ser.
Eu vou de braços abertos, vou para a minha cruz, vou sem dor, vou desejoso de me tornar tão eterno quanto o instante.