OUT DOOR
Parado na esquina da avenida,
Espero o transito passar,
Para eu poder atravessar.
O frio me fez colocar um casaco mais quente.
Até um chapéu tive que usar,
Um cachecol em torno do pescoço,
Luvas, para poder segurar a pasta com documentos.
Encostado no poste do semáforo,
Percebo as pessoas olhando para cima,
Na minha direção, acima da minha cabeça.
Uns riem, outros apenas observa.
Confiro como estou, discretamente.
Olho para os lados, para cima,
Tiro o chapéu...
Nada em cima dele, nenhuma marca,
De algum pássaro com mira certeira.
Passo a mão sobre os ombros,
Aqueles olhares e sorriso me incomodam.
Nem percebo quando o semáforo me libera.
Continuo sentindo ser observado.
Alguém que passou por mim,
Mediu-me dos pés a cabeça,
E falou-me com um olhar desejoso:
- Você ta muito bem nessa foto, parabéns!
Fiquei sem entender nada.
Quando vou perguntar, porque...
Outros passam a minha frente,
E apenas balançam a cabeça,
Num gesto de admiração.
Até que uma distinta senhora,
Para diante de mim.
Examina-me demoradamente, e diz:
Ah! Se eu tivesse trinta anos a menos!
Faria a mesma coisa,
Você deve merecer muito.
- Senhora, por favor...
Ela se virou e disse:
- Não fale comigo,
Ela deve ter muito ciúme de você.
- Ela quem? Ciúmes do que?
Aquela situação estava me embaraçando.
Fiquei tão perdido na esquina,
Que perdia o tempo do semáforo.
Resolvi! Não vou mais me preocupar.
E fiquei olhando para o outro lado da avenida.
Na outra esquina, um grupo de homens,
Com cartazes, escada e cola na mão.
Preparavam-se para preencher um out door.
Trabalhavam tão rápido,
Que logo foi aparecendo um rosto.
Olhei aquele rosto, aqueles cabelos compridos.
Os olhos ficaram espantados,
A boca ficou aberta, um bobo na esquina.
Era a fotografia do meu amor,
Da mulher que eu amo.
Não entendia nada.
Sentia que ela olhava e sorria para mim.
Embaixo do cartaz, dizia assim:
TE AMO..OLHE PARA TRÁS.
Me virei e vi outro out door.
Era outra fotografia dela, e eu
Parado na esquina.
Aquela mesma esquina,
Que toda manhã eu atravessava.
Nesse outro cartaz,
Embaixo dizia assim:
- Foi nessa esquina que nos conhecemos!
Voltei no tempo rapidamente.
Hoje estava fazendo um ano,
Desde o dia que a ajudei com as sacolas,
A descer do táxi, em local proibido.
O guarda de transito apitou varias vezes.
O motorista nervoso, pedia pra sair rápido.
Eu olhando aquela cena,
Ela com tantas sacolas.
Aquele par de olhos me encarou e disse:
Não ria, me ajude!
Um ano!
Exatamente naquela esquina!
Passou tão rápido.
E estava valendo a pena,
Ainda mais depois desse presente,
Logo de manha.
Ri muito, e as pessoas perceberam ainda mais.
Olhei para todos os lados,
No desejo de encontrá-la.
Só vi alguns fotógrafos me enquadrando,
De todos os lados.
A noite viriam mais surpresas.
Tenho que preparar a minha também.
Um ano...
Viriam outros anos, com certeza.
Edson, 24/01/06