Volátil Presente
Ulteriormente falando, temos o exemplo perfeito do grande Fernando Pessoa e dos seus submundos ficcionais, todos eles criados para responderem gnosiologicamente às grandes questões filosóficas, isto apesar da sua virtualidade inerente.
Mas não deixa de ser irreal o futuro como mera ilusão dum possível presente vindouro, e tal como o passado transfiguram-se pela transcendência do sujeito que a subjectiva.
A matéria transforma-se moldando-se ao longo do tempo sendo sempre a mesma, o futuro são recriações espácio-temporais que desejamos à matéria poder vir a ocupar de determinada forma posteriormente.
O passado e futuro tendem a confrontar-se no nosso imaginário, diluindo-se numa mescla mais parecida com um sonho induzido de um déjà-vu.
Não se pode dissociar a tríade: tempo, espaço e matéria. Pois elas são unas e indivisíveis e formam o todo cognoscível.
Diria que o presente é a linha do horizonte de eventos que pauta a relatividade do espaço-tempo emergido da singularidade primordial.
Agora é verdade também, que o homem como ser observador dinâmico, tem a capacidade de percorrer todo esse leque de percepções intemporais, pois afinal é o único com esse dom ou "maldição" que dá pelo nome de consciência.
Os mundos ilusórios retratados pelos poetas desenrolam-se no momento presente em que eles os julgam viver metaforicamente, transvazando tanto pelo passado como pelo futuro.
É portanto veramente real nesse preciso instante temporal, o seu mundo contemporâneo irreal imaginário como tal.
Lx, 26-6-2013