Desatar um Nó...(não é tão fácil)

"...Na postura tensa de quem já passou pelo teste de mais um dia e na minha angústia-vida-interna, tento desfazer as amarras que prendem meu barco sobre as restingas do tempo...

Depois de tanta luta, depois de tantos tropeços, percebo, infeliz, que não consigo desatar um último nó...Apática e ausente de todo mundo exterior me vejo apenas eu, comigo mesma, sentindo meus sonhos fragilizados dentro de uma incompreensão humana...Completamente perdida na dualidade do que sou e do que gostaria de ser. É esta a causa... A alma de toda a revolta: sou o que estou sendo... essa coisa estática, sem pulsação no corpo da minha ilusão...Mácula concreta sujando o meu mar interior e sendo levada pela correnteza da minha literal ignorância...À deriva, sem mudar esse estado inerte mas lúcido; muito lúcido!...E a dor maior é entender que maior que a minha realidade estática é a lucidez que mata...Conviver com toda essa passividade da vida e percebê-la; saber onde ela incomoda, em que ponto falto comigo mesma...E sei, ah! como sei, quantos pontos são...muitos, infinitos até..

Quantas coisas me mantém imóvel, encarcerada numa casa de dois, numa vida a dois, sem saber onde inicio a busca compreensiva do direcionamento...Como desato esse nó que me rodeia, e me aperta o peito? Gostaria que essa resposta viesse não importa de onde...de qualquer latitude ou longitude que fosse.. Neste ou no outro lado do espelho que guardei pra me olhar nas horas em que a verdade me chama..."